25 de ago. de 2009

Aquele realmente foi um dia atípico para Meline.
Ao raiar do dia decidiu que não iria trabalhar. Enrolou-se no seu cobertor peludo favorito, abraçou-se no bicho de pelúcia mais fofo e passou a manhã assistindo desenhos antigos na tv.
A tarde, vestiu-se com a roupa mais confortável e clara, soltou o cabelo e pôs um óculos escuro que estava já há tempos abandonado na gaveta.
Ela estava radiante, sim. Mas faltava-lhe algo... Claro, estava faltando algo bom para ler.
Revirou sua mini-biblioteca por uns 15 minutos até que encontrou Lucíola, a obra mais emocionante para a ocasião.
Sentou-se no balanço do parque e ficou alguns minutos analisando a grama verde crecer. Nossa, e como crescia rápido... Percebeu que a vida passa depressa e que já não curtia esses momentos de análise do cotidiano há tanto tempo, que nem lembrou a última vez.
Começou a ler calmamente o livro até que passou a ouvir lamúrias.
Era o vento soprando ao seu ouvido palavras amargas de tristeza e solidão. Junto com o vento vieram algumas folhas mortas e um pouco de poeira para sujar seu cabelo.
Catou algumas dessas folhas para pôr no meio do livro e lembrar desse momento nostálgico, com o intuito de esquecer as fortes lamentações do vento em meio a um romance inventado por José de Alencar e idealizado por ela.
A poeira ela sacudiu das roupas e cabelo, cabelo esse que já estava despenteado.
Mas ela continuava radiante. Seu brilho ofuscava o sol tímido do inverno.
O vento não parava, estava incessantemente perturmbando seus pensamentos. Ele não a deixava em paz, passava por todo seu corpo a fim de senti-la viva, tocava seu rosto quente suavemente; fez com que todos os seres vivos do parque fossem embora. Ele não queria ninguém admirando-a.
Ela desejou por inúmeras vezes sentir uma garoa, mas o vento era bravo, não queria garoa alguma ocupando seu lugar, tocando seu semblante.
Meline continuou sentada naquele balanço que era delicadamente embalado pelo vento. Ficou alí até o sol se pôr e escurecer sua alma.
Quando levantou-se para ir embora percebeu que o vento parara.
Estúpido vento chamando sua atenção, cega Meline que só percebeu o vento quando o mesmo ficou ausente...

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