19 de jun. de 2012

diálogos memoráveis (3): ambiente de trabalho

- qual a diferença entre 'large saussages' e 'saussages and chips' se os dois vem com batata e salada?
- o primeiro é maior que o segundo.
- e o que você prefere, salcicha grande ou salcicha pequena?
- sou vegetariana.

e os bastidores rindo até hoje...

17 de jun. de 2012

tem coisas que a gente não faria no brasil nunca, nem na maior das loucuras.
pois bem, hoje eu fiz uma.

saí do pub as 4 da manhã, cansada, estressada e sem a grana para o taxi. pensei "me ferrei, terei de voltar a pé para casa". levando em conta que estava amanhecendo, não seria de todo ruim. sábado, amanhecendo e todas as pessoas na rua saindo das baladas... ok.
acontece que alguém me chamou, falando português e eu atravessei a rua. estava sem óculos, não vi quem era, mas imaginei ser algum conhecido.

não era.

era um brasileiro qualquer, como muitos que encontramos pelo caminho, sentado num banco com um irlandês, batendo um papo furado, fumando o último cigarro da noite.
um irlandês um tanto fora do convencional, de calça militar, cabelo spike e jaqueta de couro.

sentei.

ficamos trocando uma idéia quando a menina que fica tocando na rua, na frente do pub chegou. o tal irlandês disse que a levaria em casa e que já voltava para concluir o assunto.

esperamos.

por que? excelente pergunta... a resposta eu não sei.
ele voltou depois de uns 10 minutos e sentou novamente. ficou ali contando as histórias malucas sobre sua volta ao mundo. 
minutos depois chega outro irlandês, bonito, bem vestido e faz uma piada de muito mal gosto e preconceituosa, se referindo ao estilo diferente do menino.
o brasileiro foi embora, mancando coitado. estava de muletas.
e eu e o irlandês ficamos ali, sentados.
tivemos uma conversa tão bonita, tão sincera e intensa que nem vi o tempo passar. 

já era dia.

ninguém mais na rua. achei melhor ir embora. e ele mais do que simpático perguntou se poderia me acompanhar, pois seria perigoso. estando com ele ninguém chegaria perto, afinal as pessoas tem mais medo dele do que ele dos outros.

viemos. 

me acompanhou até a porta de casa. no caminho achou 5 euros no chão. me deu um abraço, me disse que ficou impressionado com minha simpatia e falta de preconceito, pois em nenhum momento me mostrei distante com relação ao que ele falava.
perguntou se eu era solteira e a resposta (in)felizmente foi um 'sim'. ele disse que achava isso normal, afinal, onde eu encontraria alguém que me tratasse bem, que me desse valor e atenção e que eu me sentisse livre para ser quem eu quiser, sem pré-julgamentos.

foi-se.

foi embora me desejando um bom domingo e que se fosse pra ser, nos esbarraríamos por aí, em algum canto de dublin, antes que ele fosse embora para outro país maluco tentar ser livre no mês que vem.
ele não estava bêbado, não estava drogado. só queria atenção de alguém que não o tratasse como aberração.

nomes? não sabemos um o do outro.
ah, e o irlandês arrumadinho foi preso três quadras à frente.

16 de jun. de 2012

dia amanhecendo, dois anos e oito meses já se passaram e eu me pego sentada no terraço pensando em todos que por aqui passaram.
foram alguns apartamentos já, muitos flatmates e algum amigos eternos.
de todos os lares que tive, sempre consegui amigos incríveis, experiências únicas e aprendizados para a vida toda. 
rolaram algumas brigas e desentendimentos? lógico, humanos não são perfeitos e conviver em grupo é um desafio enorme (para mim pelo menos era).
hoje eu moro com mais seis pessoas. seis homens para ser mais específica. 
aí você me pergunta como eu aguento... pois é meu amigo, a gente aprende a ser mais organizada, menos neurótica e vive numa luta eterna para controlar os hormônios e a tpm, afinal homem não entende muito bem a explosão que temos por um mísero prato na pia, ou por pêlos no banheiro, ou pelo barulho quando voltam da balada.
desses seis, cinco são brasileiros e um é coreano. e o que menos incomoda é o coreano, vejam só.
um deles é meu anjo protetor, que me afasta de todo mal, que me ouve, aconselha, faz o café matinal, uma jantinha quando estou cansada.
a casa tem um clima gostoso de férias, uma convivência harmônica e divertida.
mesmo aqui sendo muito bom, sempre bate uma saudadezinha do flat 9 que deixou tantas histórias. amigas que já voltaram para o brasil, amigas que já não mantem comunicação, amigas que tinham uma casa de boneca e um carinho de mãe. 
o top floor que deixa saudades também. jantas e mais jantas juntos, um clima gostoso e amigável onde embora a sala fosse enorme, a gente estava sempre na cozinha, que era minúscula.

enfim, tantas coisas boas que deixei para tráz, e agora prestes a abandonar mais um e voltar para o velho e bom lar de sempre, brasil.
fica aqui, minha saudade.










11 de jun. de 2012

o pub onde trabalho é basicamente um pub turístico, com aquela mescla de clientes durante o dia todo: jovens, jovens senhores, velhos, homens, mulheres, gente daqui e de acolá. 
embora seja turístico, tem muitos irlandeses que frequentam o pub, mesmo ele sendo um pouco mais caro que os demais. e temos muitos clientes assíduos, e todos parecem muito solitários. a maioria homem.

tem um homem de 30 anos mais ou menos, sarado, loiro, olhos azuis, meio apresentável que vai lá duas vezes por semana, sempre sozinho e sempre à procura de alguma mulher. e ele sempre fica com alguém. mas até isso acontecer, ele fica lá sentado no balcão bebendo bebendo e bebendo. essa pessoa não tem amigos para beber junto? aparentemente não.

tem um tiozinho que vai todos os dias. um caco tadinho, deve ter uns 60 anos. fica lá tirando as jovens senhoras para dançar. e fica dançando e bebendo seu chardonay. e ele dançando é muito fofo diga-se de passagem. e além de ser um velhinho fofo, ele é muito educado, conversa com todos os funcionários.

tem o tiozinho que canta tudo errado. e canta alto, achando que está arrasando total. ele não fala com ninguém, mas conhece todo mundo. fica lá com sua guinness e dentes amarelos, só observando o divertimento alheio.

tem o tiozinho simpático que sempre me tira para dançar, nem que seja 30 segundinhos. não posso dizer não, ele insiste insiste e insiste até eu dizer sim. ele bebe muito, e fica muito bêbado e sempre vai embora às 11h pois ele não pode perder o último ônibus. tem um casal de filhos que esperam ele chegar em casa sempre (no mínimo para dar uma bronca).

tem um menino lindo, deve ter uns vinte e poucos anos. branquinho de olhos azuis, típico irlandês. fica lá bebendo guinness também e assistindo aos jogos na tv. sempre sozinho.

tem o velhinho que chega lá meio arrogante, não fala com ninguém, bebe até não poder mais e é o último a ir embora. literalmente enxotado pelos seguranças. e ainda sai reclamando.

e tem o amigos da estátua. mas esse caso é tão triste que merece um post só para ele.

esses são os "amigos" que me dói o coração cada vez que os vejo se acabando na bebida solitariamente, como se não lhes restassem mais nada a fazer, a não ser isso.

7 de jun. de 2012

diálogos memoráveis (2): no ambiente de trabalho

- quanto custa o copo?
- o copo não está à venda senhor.
- e se eu te der 5 euros?
- infelizmente eu não posso vender o copo, mas ele pode cair acidentalmente na sua bolsa.
- ah, muito obrigado.

uma hora depois...

- o senhor já "comprou" o que queria?
- sim, dois deles.
- ah, que legal. agora vou lhe dar uma dica. o pub aqui do lado tem um modelo diferente, muito mais bonito.
- sério? vou dar uma passadinha la AGORA! e aqui, 5 euros pra você, pela bom trabalho executado.

e assim, mais um cliente satisfeito.