26 de nov. de 2012



e um dia você acorda e não está chovendo.
os passarinhos estão cantando e o sol forte brilhando na janela.
a cama é grande e confortável, e o café está passado na cozinha.

com a xícara grande que nem lembrava mais que existia caminho pelos cômodos da casa tentando entender o que está acontecendo...
tudo está diferente, mas é ao mesmo tempo muito familiar.
procuro alguma música que se encaixe com esse momento, mas não há músicas.
todas as existentes remetem à uma coisa que já não tenho mais.

e esse é o novo momento. em casa...



22 de nov. de 2012

venho por meio deste lhes confessar em palavras o que o sorriso já vem revelando há alguns dias... eu estava com muita saudade dessa liberdade brasileira. 

essa coisa de poder fazer o que a gente quer sem medo de ser livre. sentar no chão sem gelar a bunda, assistir a um show de rua, um malabarismo, ou qualquer dessas inúmeras artes que vemos pelas ruas. 

o povo vendendo "ceva bem gelada" e "água mineral" em qualquer canto da cidade. um churros aqui e acolá. suco natural em todos os bares/lancherias/bancas... sempre geladinho me esperando.

tomar uma cerveja no parque com amigos de longa data que falam "bah", "tri" e por aí a fora. e melhor do que ouvir, é falar e ser entendida por todos. saudade desse sotaque gostoso que só nós temos.

após sair da redenção, gasômetro ou qualquer outro parque sempre acabar na lima e silva para comer o nosso e só nosso enorme xis.


saudade dessa mania que gaúcho tem de reduzir as frases... coisa que não ouvia há três anos!! "oi, e aí tudo?", "tudo e tu?"


saudade que eu tinha de um samba de roda, um barzinho com música ao vivo, só voz e violão... aquele mpb gostoso de final de tarde. fazer um happy hour com as amigas, fofoquinhas e petiscos deliciosos.

saudade de sair com meus amigos e conversarmos como se a última vez em que nos tivesse sido ontem e não três anos atrás.

aquela coisa de chegar em casa correndo para tomar um chimarrão assistindo a novela, mesmo que a novela seja ruim, mesmo que ninguém realmente preste atenção.

saudade da felicidade em pequenas coisas que tanto me fizeram falta...

15 de nov. de 2012

então... três anos se passaram.
escrevi e parei e escrevi e parei de escrever nesse meio tempo. e acredito que só uma pessoa que me conhece muito e que tem uma sensibilidade enorme de entender o que me faz bem ou não poderia me pedir, delicadamente, que retomasse as rédias do blog abandonado.
era meu antepenúltimo dia em dublin. uma amiga vem com aquela sacolinha tímida e me diz ser presente de outra amiga, que já tinha ido embora, sem me dar tchau.
mal abri a sacolinha e já vieram as lágrimas. manteiga derretida que sou não pago imposto para chorar. muitas coisinhas lá estavam, mas uma delas era um caderno. e ela disse que esse caderno era para eu voltar a escrever. e assim, o faço nesse momento.

três anos se passaram...
parece que foi ontem que cheguei em dublin com pouco dinheiro no bolso e muita disposição na mala. pronta para enfrentar qualquer coisa que viesse pela frente. e de fato enfrentei.
muitas pessoas ruins, chefes mau-humorados, amigos falsos e perrengues que davam vontade de abandonar tudo e voltar correndo para casa.
por teimosia, nunca voltei. e em alguns momentos achei que nunca mais voltaria.
foram muitas viagens, muitos amigos verdadeiros, algumas casas onde morei, alguns empregos, muitas jantas, almoços e cafés da manhã inesquecíveis. foram infinitos cafés, aventuras culinárias, compras e tardes maravilhosas com as amigas.
alguns amores, outros desamores... tantas recordações que quase não cabem na memória.
muitos dias cinzas, frios, embaixo do edredon sem querer fazer absolutamente nada.
foram tantas festas, tantos drinks, tantas ressacas... gostava tanto de um pub que fui trabalhar em um. e aí decidi que não gostava mais.
neve, frio, vento, arco-íris, raios de sol (tímidos) e um verão gostoso e rápido como nunca tinha visto.

voltei. nem sei ao certo porque. nem sei ao certo se queria voltar.
deixei amigos, companheiros, confidentes. infinitas lágrimas.
a festa de despedida mais parecia um velório. lágrimas vinham a todo momento e as pessoas dos pubs ficavam olhando para esses doidos que somos e se perguntavam o que estava acontecendo.
agora tenho que aprender a andar na rua, olhar para o lado certo, aprender o nome das ruas, onde curtir uma festa, um barzinho, os preços de cada coisa, que ônibus pegar...

é a vida. uma coisa termina e outra começa, o tempo todo.