18 de jul. de 2011

gosto de ler, fato. mas nem sei onde fica a biblioteca.
gosto de ler, um pouco. compro livros, porém leio os emprestados.
não que eu leia artigos intelectuais e nem sei se tem alguma coisa a ver com isso tudo, mas sou uma mulher prática e, salvo raras exceções, dispenso o que seja demasiado sem sentido para mim. isto tudo, porque lembrei-me no outro dia como os pequenos pormenores fazem a diferença e que parei de ler uma história mamão com açúcar há algumas muitas semanas.

você nunca soube ler. ou nunca soube entender o que lia. também nunca se interessou nem por um, nem por outro. bons eram os tempos em que liamos (ou fingíamos) juntos; livros enormes, infinitos... para jamais sair um do lado do outro ou debaixo daquela árvore. naquele momento ninguém falava, ninguém ria, ninguém se movia. um breve suspiro em conjunto. 


só agora que encontrei teus resquícios, teu livros, teus rabiscos e tuas cartas de amor escritas à mão. cheiro de nostalgia no ar. lembro-me de quando pedias à tua irmã para escrever já que tua caligrafia era ilegível. tu lias e eu ouvia-te com atenção. de início parecia nem saberes ler, criava tudo ao momento da fala olhando para um pedaço de papel em branco.
e sabes quando percebi? quando tu falavas e olhavas em meus olhos.


não lembro de muita coisa, mas fiquei com essas memórias de pequena, em que o cheiro dos livros velhos me deixava encantada.

queria apenas sorrir para ti, com um olhar tímido e bochechas rosadas, a enrolar o cabelo, para que logo me dissesse "larga o cabelo, que estás a enrolar a vida". e se naquele tempo soubesse o que sei hoje, bem que teria te  dado ouvidos. e que possas tu sorrir para mim (algum dia), agora que leio todos os dias e que te posso escrever.

um dia volto àquela árvore...

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