15 de nov. de 2011

lembro que quando eu cheguei aqui na irlanda eu tinha que olhar para os dois lados da rua antes de atravessar, pois nunca sabia de que lado vinha o carro.


hoje em dia, olho para o lado certo e já sei o timer do semáforo.
sei para onde os ônibus vão, onde ficam algumas ruas, os bairros legais e os meia-boca.
sei onde tem o café bom, o café ruim, o muffin de raspberry com chocolate branco. 
sei onde vende o chá aromatizado, onde tem o pub bom, a cerveja barata, a banda animada e as jarras de cerveja.
sei de cabeça os eventos do mês, as comemorações irlandesas e já entendi como funciona o rugby.
conheço as celebridades locais e acompanho as revistas de fofoca.
sei quando vai chover, quando vai esfriar e sei que qualquer conhecimento a respeito de temperatura é perda de tempo.
sei de que lado a lua está sem mesmo olhar para ela. consigo identificar quando o trem está chegando sem mesmo ouvir barulho ou vê-lo.
sei quantos degraus tem a escada da estação, quantos segundos leva para comprar um ticket, conheço os fiscais do trem, os funcionários do shopping e os preços dos alimentos.
sei o melhor lugar para sentar no trem, sei os atalhos para chegar mais rápido e sei os atalhos para agradar os olhos. sei identificar quem é irlandês, polonês, indiano, maurício e brasileiro, óbvio.


assim, sigo sentindo-me em casa...

3 comentários:

Sávio disse...

Nossa, excelente post!! Você bateu em um ponto que mexe muito comigo: nao querer voltar pra "casa"! Mas a mnha casa agora é aqui e aceitar minha antiga casa, mesmo com a minha família é complicado. O sentimento é de que é mais difícil voltar para casa do que sair dela, uma vez que a linha tenue entre a antiga e nova se perdeu e fica o medo de voltar, nem que seja pra passear e assim estou eu, pensando em nao passar mais meu final de ano la... inseguro, sem certeza alguma, com medo de tomar um choque brutal... fica a dúvida...

Karina disse...

Precisa me dar umas dicas de lugares bons pra sair e comprar café hehe.

Rosa Veiga disse...

É surpreendente ver a descrição que tu faz de Dublin.
Paixão, conhecimento, apego envolvimento...
Mas vejo também algo fundamental para que pudesse ter uma nova vida aí: necessidade de adaptação!
Era preciso desenvolver todo esse "entrosamento" com a nova cidade, para poder dominá-la e não ser subjugada por ela.
Eu presenciei isso a teu lado. Me senti segura ao ser guiada por ti!
Tu me mostrou Dublin de uma forma que me fez querer ficar mais aí...
Mas não esquece da tua terra natal. Dos teus amigos ( que se não são muitos, são verdadeiros.)
Das tuas casas (agora são 2 rsrsrs)
e de mim...que estou aqui a te esperar!!
Saudades.
Mami